Poiesis Urbana

25.12.04

Barroso

Barroso boneco de barro
Rebento de um pai vitalino
Sereno
Observa o destino
De estátua pra si reservado
Sisudo
Quieto
Calado
Dançando ou tocando seu pife
A tudo
A todos assiste
Barroso
Boneco de barro
Fechado em si mesmo é um triste
Escultura de pobres mercados
Às marcas do tempo resiste


poema por Paulo Caldas e foto por Renata Mello

23.12.04

Estrela do Oswaldo Cruz

a uma pequena



Uma estrela quebrou
Estilhaço voou
Ferindo o amor em mim

Na Alameda ou jardim
Sorriso era de graça
Doçura a quem sangrava
Pastores ou atrizes

Dessa estrela-lembrança
Guardo alguma esperança
De mais dias felizes

4.12.04

Descartando Descartes

(Des)penso
Logo: existo
Não faço parte daqueles que (des)amam
Logo: pensam

Existo
Logo: amo
Não faço patê daqueles que desistem
Logo:
Não existem

Janice Japiassu

3.12.04

A poesia não muda o mundo imediatamente. Mas a leitura de um bom poema sempre modifica algo em nós. Não somos mais os mesmos quando uma palavra bela, exigente e única impõe sua presença, objeto único, à nossa frente.


Luzilá Gonçalves

A Papoula e o Bebê



A cor (a)trai
os olhos
vermelho provocador

no veludo
o toque
destrói pétalas

o bebê
tem a flor
na mão (e ri)

nariz de pinóquio
não descobriu
espinhos ainda.